À procura de Deus
Uma velha narrativa indígena fala de um homem que, certo dia, sentiu uma grande necessidade de Deus.
Então, dentro de sua alma, sussurrou: Deus, fale comigo. Preciso imensamente ouvir Sua voz.
No mesmo instante, no galho próximo, o canto de um rouxinol encheu a natureza.
O homem não se apercebeu da beleza do canto, nem da mensagem que vinha na musicalidade e repetiu: Deus, fale comigo!
Nesse instante, a natureza modificou sua feição e um trovão ecoou nos céus.
Ainda assim, o homem foi incapaz de ouvir.
Olhou em volta e disse: Deus, deixe-me vê-lO.
E uma estrela brilhou no céu. Logo mais, milhões de pequenas lanternas brilharam por todo o manto da noite. A lua se desfez em luz de prata e se espelhou nas águas do lago.
Mas o homem não notou. Agora, quase desesperado, começou a falar mais alto: Deus, mostre-me um milagre.
E uma criança nasceu. Contudo, o homem não sentiu o pulsar da vida no novo ser que surgia, esperançoso.
O homem começou a chorar e disse: Deus, sinto-me tão só. Toque-me e deixe-me sentir que Você está aqui comigo…
E uma borboleta pousou suavemente em seu ombro, abrindo e fechando as asas multicoloridas.
O homem levantou o ombro e a espantou.
* * *
Então, nosso primeiro desafio é nos percebermos da presença Divina em nosso redor.
O estudo da natureza nos mostra, em todos os lugares, a ação de uma vontade oculta.
Por toda parte, a matéria obedece a uma força que a domina, organiza e dirige.
O espetáculo da natureza, o aspecto dos céus, das montanhas, dos mares, apresentam ao nosso Espírito a ideia de uma Inteligência oculta no Universo.
Em cada um de nós existem fontes de onde podem brotar ondas de vida e de amor, virtudes, potências inumeráveis.
É aí, nesse santuário íntimo, que se pode procurar Deus. Deus está em nós. As almas refletem Deus como as gotas do orvalho da manhã refletem os raios do sol, cada um deles segundo o seu próprio brilho e grau de pureza.
É dentro de si mesmos que todos os homens de gênio, os grandes missionários e os profetas, conheceram Deus e Suas leis e as revelaram aos povos da Terra.
* * *
É consolador poder caminhar na vida com a fronte levantada para os céus, sabendo que, mesmo nas tempestades, no meio das mais cruéis provas, no fundo dos cárceres, como à beira dos abismos, uma Providência, uma Lei Divina, paira sobre nós.
Um Pai que observa os nossos atos e que, de nossas lutas, de nossas lágrimas, faz sair a nossa própria glória e a nossa felicidade.
Redação do Momento Espírita, com base em Prece indígena, de autoria ignorada e no cap. IX, pt. 2, do livro Depois da morte, de Léon Denis, ed. Feb. Em 8.1.2013.
Deus responde sempre
Quantas vezes você já dirigiu uma prece a Deus e não recebeu resposta?
Não é raro pedirmos pela recuperação da saúde de um familiar e, mesmo assim, ele morre.
Acreditamos que Deus não nos ouviu.
Pedimos auxílio ao Pai celestial para as nossas dores. E muitas vezes as dores aumentam, levando-nos quase ao desespero.
No entanto, os que têm fé afirmam que Deus sempre responde às nossas orações. Será mesmo?
* * *
Emy tinha apenas três anos de idade. Vivia em um lugar maravilhoso dos Estados Unidos, em frente ao mar.
Sua família era cristã. Ela fora alimentada, desde o berço, por orações e Evangelho.
A família ia ao templo religioso e fazia, no lar, o estudo sistemático do Evangelho.
Emy amava sua família e admirava os olhos azuis de seu pai, de sua mãe e de seus irmãos.
Todos, em sua casa, tinham olhos azuis. Todos… menos Emy!
O sonho de Emy era ter olhos azuis da cor do céu. Como ela desejava isso!
Certo dia, na escola de evangelização, ela ouviu a orientadora dizer que Deus sempre responde a todas as orações. Passou o dia pensando nisso.
À noite, na hora de dormir, ajoelhou ao lado da sua cama e orou.
Sua prece foi um misto de gratidão e de solicitação:
Senhor Deus, agradeço porque você criou o mar que é tão grande. Tão bonito e tão feroz. Agradeço pela minha família. Agradeço pela minha vida. Gosto muito de todas as coisas que você faz. Mas, eu gostaria de pedir, por favor, quando eu acordar amanhã, descobrir que os meus olhos ficaram azuis como os de minha mãe.
Ela acreditou que daria certo. Teve fé. A fé pura e verdadeira de uma criança.
Pela manhã, ao acordar, correu para o espelho e olhou. Abriu bem os olhos e qual era a cor deles?
Bem castanhos! Como sempre haviam sido.
Bom, naquele dia, Emy aprendeu que não também era resposta. Do mesmo modo, agradeceu a Deus. Mas não entendia muito bem porque Ele não a atendeu.
Os anos se passaram. Emy cresceu e se tornou missionária, na Índia.
Entre outras atividades, ela se devotou a resgatar crianças que eram vendidas pelas suas próprias famílias, que passavam fome.
Para isso, ela precisava entrar nos mercados infantis, onde aconteciam as vendas.
Naturalmente, para as comprar para Deus, como dizia, precisava não ser reconhecida como estrangeira.
Então ela passava pó de café na pele, cobria os cabelos, vestia-se como as mulheres do local.
Dessa forma, entrava nos mercados de crianças, podendo transitar tranquila, pois aparentava ser uma indiana.
Certo dia, uma amiga olhou para ela disfarçada e lhe disse: Puxa, Emy! Você já pensou como faria para se disfarçar se tivesse olhos claros como todos os de sua família?
Que Deus inteligente, não? Ele deu a você olhos escuros, pois sabia que isso seria essencial para a missão que lhe confiou.
O que a amiga não sabia é que Emy chorara muitas noites, em sua infância, por não ter olhos azuis…
* * *
Deus está no controle de tudo. Ele conhece cada lágrima que já rolou dos seus olhos.
Ele sabe que talvez você desejasse olhos de outra cor, ou cabelos mais lisos, ou encaracolados, ou mais espessos.
Não chore se os seus olhos continuam castanhos ou azuis, ou pretos, e você os deseja de outra cor.
Não se entristeça se você ainda não foi atendido como gostaria.
Tenha certeza: Deus tem o controle de tudo.
E o não de Deus, hoje, em sua vida, é o melhor para você.
Redação do Momento Espírita com base em história de autoria ignorada.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 5, ed. Fep. Em 05.03.2012.
* * *
Este é o nosso segundo desafio: compreender que Deus sempre responde, mesmo não sendo o que esperávamos.
Deus disse não
Nas horas difíceis, quando lembramos de rogar a Deus por Seu socorro, nem sempre sabemos interpretar a Sua resposta.
No entanto, a resposta sempre chega de conformidade com as nossas necessidades e merecimentos.
Um homem que costumava fazer pedidos específicos a Deus, um dia conseguiu entender a Sua resposta e escreveu o seguinte:
Eu pedi a Deus para tirar a minha dor. Deus disse não. “Não cabe a Mim tirá-la, mas cabe a você desistir dela.”
Eu pedi a Deus para fazer com que meu filho deficiente físico fosse perfeito. Deus disse não. “Seu Espírito é perfeito e seu corpo é apenas provisório.”
Eu pedi a Deus para me dar paciência. Deus disse não. “A paciência nasce nas tribulações. Não é doada, é conquistada.”
Eu pedi a Deus para me dar felicidade. Deus disse não. “Eu lhe dou bênçãos. A felicidade depende de você.”
Eu pedi a Deus para me proteger da dor. Deus disse não. “O sofrimento o separa dos apelos do Mundo e o traz para mais perto de Mim.”
Eu pedi a Deus para me fazer crescer em Espírito. Deus disse não. “Você tem que crescer sozinho, mas Eu o podarei para que você possa dar frutos.”
Eu pedi a Deus todas as coisas para que eu pudesse gostar da vida. Deus disse não. “Eu lhe dou vida para que você possa gostar de todas as coisas.”
E, por fim, quando pedi a Deus para me ajudar a amar os outros, tanto quanto Ele me ama, Deus disse:
“Finalmente você captou a ideia!”
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E este é nosso terceiro desafio, compreender que Deus não nos dá a felicidade, ele nos dá condições para sermos felizes.
Se, porventura, você está se sentindo triste por não ter recebido do Pai Criador a resposta que desejava, volte a sorrir.
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Certa vez um discípulo rogou, emocionado, ao seu mestre:
Senhor, quando identificarei a plenitude da paz e da felicidade, vivendo neste Mundo atribulado de enfermidades e violências?
O mestre, compassivo, respondeu:
Quando puder ver com a suavidade do meu olhar as mais graves ocorrências, sem julgamento precipitado;
Quando lograr ouvir com a paciência da minha compreensão generosa;
Quando puder falar auxiliando, sem acusação nem desculpismo;
Quando agir com misericórdia, mesmo sob as mais árduas penas e prosseguir sem cansaço no caminho do bem entre espinhos pontiagudos, confiando nos objetivos superiores, você se identificará comigo e gozará de felicidade e paz.
O aprendiz ouviu, meditou, e, levantando-se, partiu pela estrada do serviço ao próximo, disposto a conjugar o verbo amar, sem cansaço, sem ansiedade e sem receio.
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Se, porventura, você está triste por não ter recebido a resposta que desejava do Pai Criador, volte a amar e a sorrir.
Só assim vai a dor e volta a esperança.
Foge a tristeza e volta a alegria.
Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria desconhecida e mensagem do Espírito Eros, psicografia de Divaldo Pereira Franco.