Ser grande é abraçar uma grande causa. (William Shakespeare)
Os movimentos diários podem demonstrar ou não a grandeza da causa acalentada no coração. Todos os humanos são grandes. Mas alguns são grandiosos pelo fato de não se fecharem no pequeno mundo do individualismo.
Parece existir uma força que quase obriga o pensar somente em si mesmo. O altruísmo é fantástico. Olhar para além do horizonte, extrapolar a média comum dos mortais, eleger o bem comum como ideal a ser alcançado.
Como a vida seria diferente se não houvesse apegos e centralismos no “eu”. Todos deveriam subir numa alta montanha para perceber um outro horizonte de esperança. Porém, cada vez mais as cortinas e janelas são fechadas, como que isolando e afastando de um mundo que aguarda pela gratuidade.
Além de dar conta das necessidades básicas, é importante que cada um assuma o seu lugar e a sua missão, enquanto peregrino neste mundo. Além de pensar no sustento e na solução dos problemas, há algo a mais a ser feito.
Qual a causa que você está abraçando? Nenhuma? Então, você não está vivendo. A vida supõe um espaço para algo que não dê retorno material. O que você está fazendo e que não recebe nada em troca? O econômico é apenas um momento da vida.
Há outros ganhos que fogem de pagamento para intensificar o prazer e a alegria de ter ajudado. Fazer o bem é uma causa nobre.
É uma oportunidade que a vida concede para que a alegria se torne perene. Pessoas caridosas não são visitadas pela tristeza. Se você ainda não abraçou uma causa, não perca tempo.
Há muito a ser feito. Gente do bem não experimenta solidão. Para ser grande é necessário fazer-se pequeno para melhor servir.
Frei Jaime Bettega
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A primeira reflexão que fazemos a partir deste belo texto que trata com muita propriedade aquilo que deveria ser uma constante em nossas vidas, a caridade. O Espiritismo também nos alerta para o nosso dever cristão, com a máxima “Fora da caridade não há salvação”.
Chico Xavier em um texto sobre a caridade nos alerta: “Sem a caridade do auxílio incessante aos pequeninos, a vaidade viverá fortalecida em nosso espírito invigilante. ”
Um trecho importante do texto ressalta “enquanto peregrino neste mundo”. “Além de dar conta das necessidades básicas, é importante que cada um assuma o seu lugar e a sua missão, enquanto peregrino neste mundo. Além de pensar no sustento e na solução dos problemas, há algo a mais a ser feito. ”
Ou seja, estamos inseridos em um modelo de sistema e de sociedade que requer que busquemos o nosso sustento material e a solução dos problemas, porém estamos inevitavelmente de passagem, somos peregrinos neste mundo e dele só levaremos as conquistas do espírito e o bem que fizermos aos outros (a caridade, a benevolência, a conquista da paciência, o amor etc.)
Nos alerta que não devemos centralizar os nossos esforços apenas no “eu” e que devemos possuir alguma causa não-material que nos mova. Que nos faça lutar por ela.
Muitas oportunidades estão de portas abertas ao trabalho voluntário:
• Ajudar no Centro Espírita, na Igreja ou qualquer outra instituição que promova ações assistenciais
• Ajudar no Clube de Mães
• Se engajar na Campanha do Agasalho
• Participar de alguma entidade beneficente, independente do cunho religioso que ela possa ter.
• Colaborar com entidades que ajudam e protegem os animais
• Fazer algo pela escola do bairro ou infraestrutura da comunidade
• Ser voluntário em ações públicas
• Auxiliar entidades que prestam assistência a portadores de alguma deficiência, ou dependentes químicos, ou idosos.
Precisamos gravar em nosso coração alguma causa que nos mova.
É só refletirmos um pouco para concluirmos que poderíamos fazer muito mais, e que a humanidade como um todo poderia fazer muito mais. Se assim fosse, diminuiríamos a dor dos oprimidos e necessitados.
Pessoas caridosas não são visitadas pela tristeza, gente de bem não experimenta solidão. Ganhamos muito quando nos dedicamos ao outro. Nossos problemas tornam-se minúsculos perto dos reais problemas encontrados no próximo, e nossa lamentação fica tão sem sentido que ela se extingue da nossa palavra.
Vamos abraçar alguma causa, antes que o destino tire-nos a oportunidade desta existência, e tenhamos passado em branco, sem nenhuma construção de benevolência.
Pessoas caridosas não são visitadas pela tristeza, gente de bem não experimenta solidão.
Vamos construir em nossa alma as coisas verdadeiras. Conforme Francisco de Assis:
“O que pertence à alma é aquilo que essa alma pode conduzir consigo, onde quer que vá, onde quer que esteja. Os únicos valores passíveis de impregnar a alma, tornando-se sua parte constitutiva, …, decorrem da frequência intensa, desenvolvida através do comportamento individual.”
Na conclusão filosófica do jovem de Assis, É Dando que se Recebe, não registramos nenhuma referência a qualquer coisa material, mas às doações da alma.
É assim que, pelas leis da sintonia, da reciprocidade, ou de causa e efeito, concluiu que o que parte de nós é, de fato, o que a nós retorna.
A sementeira é sempre livre, mas a colheita é obrigatória.