Jochedeb é judeu, pai de Jeziel e Abigail, e como todo judeu no ano de 34, vivendo na cidade de Corinto, sofre com a opressão dos dominadores, os romanos. Teve a maior parte de seus bens confiscadas pelo questor do Império, alguns anos antes. Agora vivia em um pequeno sítio.
Abigail cuidava dos afazeres domésticos e Jeziel da lavoura e pequenos animais que geravam o sustento necessário aos três. O patriarca carregava em seu íntimo uma revolta contra os desígnios divinos, para com seu povo e sua família. Revolta esta que se confrontava, em seu íntimo, com os estudos dos velhos testamentos que exortavam à resignação.
Em protesto em uma audiência pública, ao após expor sua inconformidade com os fatos ocorridos ouve a sentença que o condena a entregar seu único bem, o pequeno sítio.
No caminho de retorno ao lar, espancado, machucado e revoltado, decide atear fogo as pastagens do questor romano Licínio Minúcio, o que resulta em grande incêndio.
Algumas poucas horas após os soldados romanos já levam a jovem Abigail, seu irmão Jeziel e seu pai para a prisão.
Jochedeb muito abatido pelo longo dia, e também pelo remorso de colocar os filhos em situação critica, adormece no duro chão da cela.
Abigail e Jeziel, certos que o julgamento que os espera pela manhã será duríssimo, buscam na justiça divina o fortalecimento da fé.
Jochedeb é torturado e condenado a junto com Jeziel a se tornarem escravos nas galés.
Abigail é jogada à rua e segue perturbada sem saber onde ir, sem o irmão e sem o pai que morre logo a seguir, sem lar para retornar, o que fazer?
Segue para casa de Zacarias e Ruth que tiveram um jovem filho assassinado pelos romanos e que desejam retirar-se da cidade, Abigail roga ao casal que a levem junto, e estes comovidos pela narrativa de Abigail decidem acolhê-la como uma filha que preencherá os corações sofridos de todos.
Jeziel contemplou a morte do pai, e a irmã foi largada na rua sem destino ou pouso certo; nunca lágrimas tão doloridas haviam cortado a face do jovem judeu. Após um mês na prisão suas feridas estavam cicatrizadas e Jeziel foi transferido para as galés, o trabalho duro nos remos da embarcação, foi encarado como oportunidade divina de cooperar com a obra de Deus. A fé e a bondade de Jeziel acalmavam os ânimos de todos os remadores escravizados pelos romanos.
Jeziel adoece e é abandonado doente à margem do mar mediterrâneo, em Jope, onde pede ajuda a um homem que diz que pode guiá-lo até os “homens do caminho” que são os únicos capazes de acolhê-lo. Chamando-o de “irmão” como faziam os primeiros cristãos, e devido a seu estado de saúde, decide levá-lo até Jerusalém onde haveria condições de tratar de Jeziel.
Em Jerusalém Pedro e Tiago recebem Jeziel naquele que era o primeiro grande núcleo humanitário. Recebia velhos, doentes, paralíticos, enfermos de toda ordem e famintos do corpo e da alma. Jeziel ocupou leito singelo mas asseado recebendo todos os cuidados necessários. Jeziel, durante os delírios de febre, recita os escritos de Isaías, chamando a atenção dos apóstolos.
Se afeiçoa a Pedro e por seu extremado cuidado com os doentes. Algumas semanas se passam e Jeziel se recupera. Em momento oportuno, Pedro indaga sobre as citações do profeta Isaías que Jeziel proferiu durante o delírio, e este diz a Pedro, que gosta dos escritos do profeta pela beleza das promessas da vinda de um Messias, que Jeziel aguarda desde a infância.
Pedro conta a Jeziel que o Messias já veio, narrando ao jovem algumas passagens de Jesus até o momento da crucificação. O jovem de Corinto bebe as palavras de Pedro, ligando o exemplo de Jesus as descrições de Isaías e reconhecendo o Messias prometido. Pedro dá a Jeziel as anotações de Mateus para que ele as estude. Jeziel narra para Pedro toda sua história desde Corinto até o porto de Jope, lembrando da amada irmã Abigail, e rogando a Pedro que o ajude a manter o anonimato pois em Jerusalém é enorme o número de romanos. Pedro mostra a Jeziel que há muitas tarefas a serem executadas na Casa do Caminho e que deste momento em diante ele se chamará Estevão.
Estevão tem o verbo inflamado e prega o perdão e o amor ao próximo sem medo de ferir velhos costumes judaicos. Em poucos meses o nome de Estevão já é venerado pelos desvalidos e já é reconhecido como apóstolo ao lado de Pedro, João e Tiago nos trabalhos diários de caridade.
O ano é 35. [agora entra outro personagem]. Nesta época, Saulo com contando 30 anos de idade é belo e viril, falando também o grego, já que fora educado pelos mestres das escolas de Atenas e Alexandria, está em Jerusalém para assumir um cargo de destaque no tribunal romano.
Saulo conhece foi Abigail em festa íntima na propriedade de Zacarias (padrasto de Abigail). A sintonia entre os dois foi imediata; enamoraram-se. Abigail contou a Saulo toda sua história, a saudade do irmão Jeziel e a esperança de reencontrá-lo.
Enquanto Saulo prepara-se para assumir novas funções, no tribunal do Sinédrio de Jerusalém, ouve notícias dos Homens do Caminho, e de um tal de Estevão que teria feito curas.
Saulo acha perigoso que estes seguidores do carpinteiro morto estejam a macular os costumes e a doutrina de Moisés.
Abigail por sua vez desejaria muito encontrar Jeziel para apresentá-lo a Saulo e receber o consentimento do irmão para o matrimônio.
Sendo Saulo influente no patriciado romano, Abigail pede a ele que localize seu irmão, e recebe deste a promessa de que fará tudo para encontrá-lo.
Saulo decide investigar de perto as atividades dos “homens do caminho”. Eles chegam em um grande galpão sem imagens, sem ornamentos, uma humilde igreja.
Pedro, Tiago e João se mostram surpresos com a visita, mas o recebem. Saulo de início avalia que as crianças sujas, velhos doentes, e pobres galileus, sem nenhuma instrução, não representarão problemas para a lei de Israel.
Enquanto isso, o jovem magro e pálido adentra, por entre as filas extensas, passa pelos assistidos que sussurram “Estevão, Estevão….”. Este representa para eles o desdobramento do amor do Cristo que partiu.
Estevão faz uma prece e lê um trecho dos textos de Mateus iniciando sua pregação. Descreve as angústias do povo de Israel, que esperava o Messias, e anuncia que este já chegou. Relembrando as escrituras do profeta Isaías ensina que na morte infamante do Cristo a sagrada causa divina prosperaria para sempre.
O falar de Estevão é o consolo da alma que reconhece um novo reino, não feito por guerras, ou por reis, mas sim, pela consciência reta, pelo coração puro, pelo amor ao próximo, como ensina Jesus.
Estevão mantém a serenidade e agradece a Deus pelo Messias ser carpinteiro, já que assim a humanidade não ficaria sem abrigo, o Abrigo da Paz e da Esperança!
Saulo tenta debater com Estevão, que explica que o Cristo recomendou não perdessem tempo com discussões improdutivas. Quando os ânimos se acirravam e poderia haver violência no ambiente, eis que, uma mulher chega até Estevão rogando que curasse sua filha que há mais de um ano estava muda. Em prece Estevão roga o auxílio do Mestre Jesus e o pedido da sofrida mãe é atendido.
Saulo fica irado e promete corrigir os pregadores do Caminho.
Saulo deseja que seja feita uma denúncia ao tribunal do Sinédrio, sobre as pregações de Estevão, e para que tal ocorra busca o auxílio dos superiores que procedem de acordo com o desejo de Saulo.
Estevão é intimado e comparece ante o Sinédrio. Impressiona a arquitetura, a riqueza do ambiente, e o ouro das túnicas dos fariseus. Reflexiona o jovem cristão na pobreza da periferia, em quanto poderiam ajudar seus compatriotas os homens daquele templo.
O irmão de Abigail comparecia como um homem chamado a defender-se de acusações.
O ritual inicia-se e o sumo-sacerdote nomeia Saulo como julgador, para que possa inquirir o acusado e verificar se as acusações de blasfemo, caluniador e feiticeiro procedem.
Saulo pergunta qual a origem de Estevão, este mesmo com temor de ser reconhecido como Jeziel, declara ser da tribo de Issacar. Como israelita Estevão tem o direito de defesa garantido.
Interrogado por Saulo, Estevão confirma que acredita ser Jesus o messias tão esperado e por isso coloca-o acima de Moisés, o que para todos os presentes e a confirmação da acusação de blasfêmia. Informado por Saulo que poderá pagar caro por sua posição, o nobre cristão, diz que o Mestre ensinou que não se deve temer quem apenas poderá matar-lhe o corpo.
Como Estevão efetuou a cura da menina muda, e Saulo foi testemunha do fato, foi acusado de feiticeiro. Em sua defesa Estevão citou os inúmeros feitos de Moisés como fazer jorrar água de uma pedra e abrir o mar para a passagem do povo. As respostas inteligentes e inspiradas irritavam ainda mais o futuro rabino do templo.
Saulo, enfurecido pela inteligência e postura digna de Estevão pede a sentença de lapidação, ou seja, morte por apedrejamento e Estevão então é preso.
Saulo de Tarso era admirado pelos mais altos círculos de Jerusalém, estimavam-o por sua oratória inflamada e por sua inteligência em defender a lei mosaica. Saulo deixou-se levar pelo desejo de vingança. Suas fibras mais sensíveis foram tocadas por Estevão que feriu sua vaidade e seu orgulho racial.
Agora Saulo odiava o Cristo que não conseguia compreender.
Após a prisão de Estevão foi procurar na Corte Provincial, junto ao procurador romano, obter carta branca para acabar com os homens do Caminho, no que foi plenamente atendido.
No dia seguinte Saulo de Tarso chega a Casa do Caminho com sua escolta armada e prende Pedro, João e Filipe.
Saulo de Tarso ficou muito impressionado com a falta de reação dos apóstolos e também com o amor dos atendidos, que abraçavam e choravam, tentando segurar Pedro, chamando-lhe de pai.
A morte de Estevão foi marcada para uma semana depois, em cerimônia pública que Saulo deveria comandar.
As intensas atividades de Saulo não interromperam as visitas à Abigail. O encontro com a mulher amada era, para o jovem tarsense, o refazimento das forças. Abigail era o equilíbrio emocional da disciplina ríspida que Saulo aplicava em seu dia a dia.
Saulo foi encontrar-se com a jovem de Corinto. Passeavam juntos, sob o céu estrelado, trocavam juras de amor.
Saulo pede para Abigail que esteja ao seu lado no ritual de apedrejamento de Estevão, visto que lá estarão todos seus amigos fariseus e representantes de todas as sinagogas. Abigail pede para adentrar ao pátio do templo somente no final pois não deseja ver as tristes cenas da morte de um homem. Abigail pede ao seu amado que questione mais uma vez Estevão sobre seu ponto de vista, da chegada do Messias, afinal ele já estava 2 meses preso, e, poderia ter mudado de ideia. Assim agiu Saulo no dia da lapidação.
Estevão é trazido ao templo, abatido pela estada na prisão, com as roupas rasgadas e sujo, mas com olhar tranquilo e sereno. Considera que se o Messias recebeu a cruz como recompensa, o que ele poderia esperar. Entrega-se nas mãos do Mestre de Nazaré.
Estevão é atado ao tronco, mas com a alma livre. Sente cada pedrada como uma passagem para a liberdade onde encontrará o Messias. Quanto mais fraco o corpo mais livre o espírito. Até o momento em que Estevão reconhece, pelas descrições de Pedro, o próprio Mestre iluminado que lhe afaga a testa.
Abigail olha aquele sofredor ensanguentado, barbudo, seminu e sujo e reconhece, é Jeziel seu irmão. O espanto, o medo, verdadeiro terror lhe toma o coração. Quase sem voz pede a Saulo para falar com seu irmão que está ali atado ao tronco. Saulo acreditando ser um engano pede aos soldados que recolham o corpo, semi-morto, para uma sala no interior do templo.
Estevão-Jeziel é colocado sobre uma mesa, são seus últimos suspiros. Reconhecem-se mutuamente Abigail e o irmão quase morto. Saulo fica sem reação pelo inesperado, como Deus pudera pregar-lhe tamanha peça, questionava-se no íntimo.
Abigail pergunta como Jeziel chegara até aquele momento, porque o nome diferente, Estevão com grande esforço, responde em poucas palavras, falando do Messias que lhe transformara. Estevão, por sua vez, pergunta como Abigail ali está, ela lhe diz que está com o noivo, apontando para Saulo. Estevão diz para a irmã que Saulo é um ótimo rapaz, e que eles devem ser felizes.
Estevão pede que Abigail cante para ele o salmo de David, assim como no dia da morte do pai, esta será a imagem que Saulo nunca mais esquecerá.
Ali mesmo, diante do corpo quente do irmão da mulher amada, Saulo com seu raciocínio rápido, decide romper com Abigail, percebendo que será impossível conviver com ela depois deste fato inesperado. Saulo está atônito.
O corpo de Estevão é entregue a Pedro na Casa do Caminho.
Abigail cai em forte febre, assim como ocorreu na morte do pai, e é levada para a casa dos pais adotivos, onde Saulo pretende nunca mais voltar.
Após a morte de Estevão agravaram-se as perseguições aos cristãos. Com Saulo assumindo a função de sumo sacerdote. Sem a presença de Abigail em sua vida o coração do moço de Tarso petrificou. Sua rispidez contra todos os simpatizantes de Jesus só fazia aumentar.
Após oito meses de sofrimentos íntimos, Saulo decide ver Abigail. Foi recebido com ternura por Zacarias (pai adotivo de Abigail) que relatou o grave estado de saúde da jovem de Corinto.
Saulo e Abigail, ambos comovidos com o reencontro, conversam sobre o amor que os une, mas Abigail diz que não deverá casar-se com ele pois percebe está muito doente e que deverá deixar este plano. Abigail conta a Saulo as visitas que recebeu de um homem chamado Ananias que lhe apresentou o Evangelho de Jesus.
Abigail descreve o consolo que encontrou nos ensinamentos do Mestre e como sente-se amparada.
Na derradeira conversa entre os dois, Abigail diz que recebeu a visita de Jeziel em espírito. Estevão-Jeziel informa nesta visão que Saulo tem uma missão reservada por Jesus, e que os dois irmãos estarão amparando do plano espiritual o jovem nesta missão.
Abigail retorna ao plano espiritual. Saulo fica mudo e estarrecido.
Saulo permaneceu três dias em companhia dos pais adotivos de Abigail. Buscando, em vão, consolo nas paisagens onde outrora trocaram juras de amor.
Atormentava-lhe a mente o fato de encontrar todos os dias com as ideias de Jesus de Nazaré. Conversando com Zacarias, tenta encontrar o rumo de Ananias, que na sua opinião, havia desencaminhado Abigail (convertendo-a). Zacarias tenta demover Saulo do propósito de vingança, dizendo a ele que Ananias proporcionou o consolo derradeiro para os últimos dias de Abigail.
Voltando a Jerusalém, o jovem rabino, tortura alguns prisioneiros para descobrir o paradeiro de Ananias. Consegue descobrir que ele fora para Damasco. Em três dias estava organizada a caravana para Damasco.
Ao final da viagem penosa e cansativa (250 quilômetros), quando já se podia avistar o contorno de Damasco no horizonte, Saulo sentia agravar o sofrimento íntimo. Buscava entender como Abigail e Estevão morreram com a paz no olhar, e ele Saulo, que sempre buscou no cumprimento da lei, esta mesma serenidade nunca conquistou. Atormentado por estas ideias, já admitia, que a ignorância dos admiradores de Jesus não era desculpa, visto que Estevão e Abigail possuíam conhecimento sólido da Lei.
Em dado momento, saindo das reflexões dolorosas, vê uma claridade diferente da luz solar, o ar parece abrir-se como cortina, perde o equilíbrio caindo da montaria e vê surgir a figura luminosa que parecia descer dos céus. “Sua túnica era feita de pontos luminosos, os cabelos tocavam nos ombros, à nazarena, os olhos magnéticos, imanados de simpatia e de amor, iluminando a fisionomia grave e terna, onde pairava uma divina tristeza” que diz:
– Saulo! Saulo! por que me persegues?
– Quem sois vós, Senhor? – indaga Saulo
– Eu sou Jesus!
Neste momento um turbilhão de emoções e pensamentos toma conta do moço de Tarso. Aquele ser divino vinha até ele com imenso amor, a chamá-lo. Perdera todos os sonhos terrenos, o lar, a família com Abigail.
Envergonhado pelo seu passado cruel, compreendia o tamanho amor daquele ser que vinha libertá-lo do erro e da ignorância. Ele Saulo era a própria ovelha perdida, e Jesus o pastor bondoso que vinha salvá-lo. Ajoelhado e chorando Saulo responde humilde e resignado:
– Senhor, que quereis que eu faça?
– Levanta-te e adentra Damasco. Lá te será dito o que fazer.
Saulo grita pelos companheiros de caravana, e lhes diz o que viu. Todos acreditam que ele está em delírio, devido a viagem e ao sol forte. Saulo está cego. Pede que lhe conduzam até a cidade de Damasco.
Em Damasco, durante três dias Saulo ficou isolado numa pensão. Foram dias de fervorosas preces à Jesus, solicitando não o desamparasse. Ao entardecer do terceiro dia o hoteleiro vem anunciar que Saulo tem uma visita.
Adentra ao quarto o velho homem que diz que vem auxiliá-lo em nome de Jesus. Saulo indaga desejando conhecer seu bem feitor, é Ananias.
Ananias, que impõe as mãos sobre os olhos de Saulo, faz uma prece rogando Jesus abençoe seu novo discípulo. Saulo sente como se escamas lhe caíssem dos olhos e recupera a visão. A emoção toma conta do quarto e ambos choram abraçados.
Saulo sente como se houvera renascido, com novas energias, e diz a Ananias que deseja pregar na sinagoga no próximo sábado.
A pregação de Saulo na sinagoga de Damasco é uma surpresa geral, por sua presença e por seu conteúdo. Saulo descreve a vinda do Messias aguardado por seu povo, mas é vaiado e acusado de blasfemo. Saulo sente agora o que Estevão sentiu em sua pregação no Sinédrio. Seus compatriotas lhe viram as costas e deixam a sinagoga vazia.
Saulo com a ilusão inflada pelo orgulho, pensava que bastariam as palavras do doutor da lei para converter seus pares.
Ananias, o velho cristão aconselha Saulo a preparar-se melhor para uma nova empreitada. Estudar e viver o Evangelho de Jesus, afim de que, sua palavra possua nova força.
Saulo após assistir o culto do evangelho, em uma humilde casa de Damasco, sente-se fortalecido, e seguindo os conselhos de Ananias, que agora ele tem por mestre.
Saulo retira-se para o deserto. Quase três anos se passaram na aspereza do deserto estudando, meditando e orando.
Saulo retorna a Damasco. Durante a viajem sente energias interiores até então desconhecidas para ele. Ocorre que no plano espiritual, Estevão, passa a acompanhá-lo. Quis Jesus que se irmanassem o algoz e a vítima.
Foi neste período que Lucas conhece Saulo, e sugere que os seguidores do Cristo chamem-se “cristãos”.
Após o exílio de 3 anos, no deserto de Dan, ele retornou para pregar a Boa Nova. Aquele Jesus a quem tanto perseguira na pessoa dos seus seguidores, tornou-se seu Senhor. Quando empreendeu a viagem a Damasco ele era o orgulhoso Saulo. Ao se erguer, após a queda do cavalo e a visão extraordinária do Cristo, ele se ergueu transformado. Era o escravo. “Que queres que eu faça, Senhor?”, é o que roga. Por isso mesmo, haveria de trocar seu nome para Paulo, posteriormente, que significa modesto, pequeno, humilde.
Durante 16 anos, após sua conversão, ele pregou no vale do Jordão, na Síria e na Cilícia. Fez quatro grandes viagens missionárias:
1ª Viagem (46-48 D.C.)
2ª Viagem (49-52 D.C.)
3ª Viagem (53-57 D.C.)
4ª Viagem (59-62 D.C.).
Estima-se que tenha feito mais de 20.000Km a pé.
Fundou igrejas em Nea-Pafos, Felipes, Corinto, Galácia, Pisídia, Icônio, Listra, Chipre e Jerusalém.
Nestas peregrinações, por várias vezes foi torturado, apedrejado e preso. Padeceu fome, frio, privações. Por amor a Jesus, ele tudo aceitou e afirmou portar no corpo “as marcas do Cristo”. E com voz de Estevão, sempre ao lado de Paulo, indica que devem seguir a diante, pregando em novas cidades.
Sob a inspiração de Jesus, tendo a servir de intermediário o próprio Estêvão, na espiritualidade, Paulo escreveu as epístolas, cartas cheias de ternura aos companheiros das comunidades nascentes, também carregadas de orientações.
Em Corinto, como em toda parte, as igrejas prosperavam, mas as sinagogas esvaziavam. Isto despertava a fúria dos Fariseus. Tramaram contra Paulo e mais uma vez ele foi preso e torturado.
Em Corinto, após escrever várias outras cartas, Paulo recebe uma mensagem de Tiago informando que as perseguições aos cristãos haviam recomeçado.
Paulo estava preparando a viajem à Roma, para novas pregações. Naquela noite adormece e recebe a visita de Estevão e Abigail, que em sonho, lhe avisa que deve voltar a Jerusalém para o testemunho necessário e depois irá até Roma, não como espera mas como Deus determina, e então poderão se reencontrar. Assim Paulo decide voltar à Jerusalém, a pé, para que possa se despedir das igrejas pelo caminho que fará.
Seus abraços e suas pregações, em todo o caminho, foram em tom de despedida, em Éfeso a cena foi marcante, pois Paulo não quer desembarcar para não gerar novas perseguições, mas a comunidade inteira vai até a praia despedir-se do apóstolo dos gentios. Inclusive Maria mãe do Messias prestigia a passagem de Paulo de Tarso.
Paulo de Tarso chegando a Jerusalém recebe os informes da sua punição. Paulo foi arrastado para o pátio da lapidação, no mesmo lugar em que Estevão foi apedrejado e então é novamente preso.
Durante dois anos permaneceu preso. Os fariseus planejavam reconstituir a cena do calvário crucificando Paulo entre dois ladrões. Paulo ao saber desta ideia fica muito abalado. Não acredita na ousadia dos rabinos, e diz a Lucas que não pode aceitar em qualquer hipótese morrer como o Cristo, mas sim morrer pelo Cristo. No novo julgamento, o novo governador, também fica impressionado com a lucidez e a cultura do apóstolo. Ao final Paulo decide apelar para César – a suprema corte de Roma – e então é enviado a Roma.
A figura do apóstolo já era muito conhecida e muito amada por tudo que havia feito, por isso a multidão no porto, no embarque para Roma era enorme. Muitos choravam, beijavam suas mãos, chamavam-lhe de pai. Sem distinção gentios, judeus e romanos, especialmente as crianças, queriam segurá-lo ali para sempre. A emoção tomou conta de todos. Quando embarcados Lucas diz à Paulo que escreverá sobre este momento, mas o apóstolo pede que registre apenas o que é do Cristo e para a glória do Cristo, deixando de lado qualquer laivo de vaidade.
Paulo se aproxima de Roma, os cristãos da cidade já estão aguardando a sua chegada. O ex-rabino toma conhecimento das torturas e sacrifícios dos cristãos nas arenas.
Certo dia na prisão recebeu a visita de político influente, chamava-se Acácio Domício, e que havia ficado cego a algumas semanas. Paulo impondo suas mãos roga em nome de Jesus a cura do político romano, que no mesmo momento grita “Vejo, Vejo!!” Acácio Domício consegue e libertação de Paulo.
O grande apóstolo viajante não viu nisso motivo para descanso, era preciso pregar. E durante um mês visitou as igrejas de todos os bairros de Roma. Sua presença era disputada. O ano era 63.
O apóstolo desejava morrer convicto de haver levado o Evangelho aos confins do mundo.
Em julho de 64 ocorreu o grande incêndio planejado secretamente por Nero para reformar a cidade. O incêndio destruiu muito mais que o previsto pelo imperador, e a população estava revoltada. Em público, Nero interpretou o papel que comoveu o povo. Prometeu punir os responsáveis, e a massa ensandecida começa a gritar: “Cristãos às feras!”.
Estava decretada a desgraça dos cristãos romanos, pois o imperador achava a desculpa para distrair o povo e aliviar sua própria culpa. Os cristãos passam a ser perseguidos e mortos.
Foram centenas de cristãos atirados as feras somente na inauguração do Grande Circo. Após um destes encontros nas catacumbas da cidade, onde Paulo pregava aos cristãos corajosos, todos foram presos.
Paulo escreve sua última carta (Epístola ao Timóteo) onde deixa importantes instruções ao discípulo querido.
Quando então ouviu o soldado pronunciar a sentença: Fostes condenado a morte, e tua execução foi marcada para um dia após a morte dos cristãos no circo de Roma, que foi ontem. Lastimo ter sido designado para este feito e intimamente não posso deixar de lamentar-vos.
Paulo de Tarso observando que seu algoz está tremendo diz: “Não tremais! Cumpri vosso dever até o fim!”
Um golpe rápido de espada e seu corpo cai ao solo decapitado.
Acordou no plano espiritual, nada via além de trevas, mas orando a Jesus concluiu que mesmo em densas trevas cabia servir ao Mestre, mesmo que fosse tateando no escuro. Ergueu-se e ouviu passos, interpelou “Quem sois?” e a resposta foi “irmão Paulo…” reconheceu a voz de Ananias e caiu de Joelhos em pranto. Como no passado, Ananias pede que Paulo veja em nome de Jesus, e então, ele descortina os olhos para as belezas espirituais. Todos os cristãos sacrificados em Roma se aproximam cantando o hino dos prisioneiros libertados, Paulo está muito comovido, e Ananias pergunta o que ele gostaria de fazer agora, ao que Paulo diz que deseja rever Jerusalém, e imediatamente a caravana luminosa se desloca para lá. Seguindo o pensamento do Apóstolo dos gentios a caravana de luz passa por todas as igrejas por ele fundadas até chegar no monte calvário. No calvário Paulo se ajoelha e ora pedindo perdão ao Mestre pelos erros cometidos, é então que o horizonte se rasga como se uma cortina de luz se abrisse revelando a figura do Mestre que surgiu ladeado pela direita de Estevão e a sua esquerda por Abigail. Paulo deseja jogar-se nos braços dos amigos mas procura o olhar do Mestre e ouve: “Sim Paulo, sê feliz! Vem agora, a meus braços, pois é da vontade de meu pai que os verdugos e os mártires se reúnam, para sempre, no meu reino!” Assim deslocaram-se unidos e ditosos os trabalhadores do Cristo para às esferas da Verdade e da Luz.