Joanna de Ângelis
Um Espírito que irradia ternura e sabedoria, despertando-nos para a vivência do amor na sua mais elevada expressão, mesmo que, para vivê-lo, seja-nos imposta grande soma de sacrifícios. Trata-se do Espírito que se faz conhecido pelo nome Joanna de Ângelis e que, nas estradas dos séculos, vamos encontrá-la em várias personagens que marcaram a história com o seu exemplo de humildade e heroísmo.
Joana de Cusa
Joana de Cusa, segundo informações de Humberto de Campos, no livro Boa Nova, era alguém que possuía verdadeira fé. Narra o autor que: Entre a multidão que invariavelmente acompanhava Jesus nas pregações do lago, achava-se sempre uma mulher de rara dedicação e nobre caráter, das mais altamente colocadas na sociedade de Cafarnaum. Tratava-se de Joana, consorte de Cusa.
O seu esposo, alto funcionário de Herodes, não lhe compartilhava os anseios de espiritualidade, não tolerando a doutrina daquele Mestre que Joana seguia com acendrado amor. Angustiada pela incompreensão e intolerância do esposo, buscou ouvir a palavra de conforto de JESUS que, ao invés de convidá-la a engrossar as fileiras dos que O seguiam pelas ruas e estradas da Galileia, aconselhou-a a situá-lo a distância, servindo-O dentro do próprio lar, tornando-se um verdadeiro exemplo de pessoa cristã, no atendimento ao próximo mais próximo: seu esposo, a quem deveria servir com amorosa dedicação, sendo fiel a Deus, amando o companheiro do mundo como se fora seu filho.
“… Eu venho, em nome de Deus, abrir o templo da fé viva no coração dos homens. No entanto, algum tempo se escoará antes que os homens possam compreender essa mensagem. Deus sabe aguardar, de forma paciente.
Mas, senhor, continuou Joana, não seria justo impor ao meu esposo os seus princípios? Afinal, o que almejo é conquistá-lo para o Seu reino.
O Cristo sorriu, com serenidade, e lhe recomendou: Deus não impõe a Sua verdade e o Seu amor a ninguém. O Pai não impõe a reforma a Seus filhos, mas os esclarece no momento oportuno.
Joana… Deus não trava lutas com as Suas criaturas. Ele trabalha em silêncio, por toda a Criação.
Retorna para casa, Joana, ama teu esposo como o material divino que o céu colocou em tuas mãos para que talhes uma obra de amor.
Trabalha e silencia. Quando convocada ao esclarecimento, fala as palavras doces ou enérgicas, conforme as circunstâncias.
Sobretudo, vive a mensagem que te penetrou a alma pois que o teu exemplo falará mais alto ao coração daquele que Deus te deu por esposo. ”
A mulher de Cusa gravou o ensino do Mestre e retornou ao lar. Transformou todas as suas dores num hino de triunfo silencioso em cada dia.
Jesus traçou-lhe um roteiro de conduta que lhe facultou viver com resignação o resto de sua vida.
Mais tarde, tornou-se mãe.
Com o passar do tempo, as atribuições se foram avolumando. O esposo, após uma vida tumultuada e inditosa, faleceu, deixando Joana sem recursos e com o filho para criar. Corajosa, buscou trabalhar. Esquecendo “o conforto da nobreza material, dedicou-se aos filhos de outras mães, ocupou-se com os mais subalternos afazeres domésticos, para que seu filhinho tivesse pão. Trabalhou até a velhice.
Já idosa, com os cabelos embranquecidos, foi levada ao circo dos martírios, juntamente com o filho moço, para testemunhar o amor por Jesus, o Mestre que havia iluminado a sua vida acenando-lhe com esperanças de um amanhã feliz.
Narra Humberto de Campos, no livro citado:
A esse tempo, com os aplausos delirantes do povo, os verdugos lhe incendiavam, em derredor, achas de lenha embebidas em resina inflamável. Em poucos instantes, as labaredas lamberam-lhe o corpo envelhecido. Joana de Cusa contemplou com serenidade a massa de povo que lhe não entendia o sacrifício. Os gemidos de dor lhe morriam abafados no peito opresso. Os algozes da mártir cercaram-lhe de impropérios a fogueira:
– O teu Cristo soube apenas ensinar-te a morrer? – Perguntou um dos verdugos.
A velha discípula, concentrando a sua capacidade de resistência, teve ainda forças para murmurar:
– Não apenas a morrer, mas também a vos amar! …
Nesse instante, sentiu que a mão consoladora do Mestre lhe tocava suavemente os ombros, e lhe escutou a voz carinhosa e inesquecível: tem bom ânimo! … Joana Eu aqui estou! …
Clara de Assis – Uma Discípula de Francisco de Assis
Clara de Assis, nasceu em 1193 em Assis, pertencia a uma família nobre e era dotada de grande beleza. Destacou-se desde cedo pela sua caridade e respeito para com os pequenos, tanto que, ao deparar-se com a pobreza evangélica vivida por São Francisco de Assis, foi tomada pela irresistível tendência religiosa de segui-lo.
Enfrentando a oposição da família, que pretendia arranjar-lhe um casamento vantajoso, aos dezoito anos Clara abandonou o seu lar para seguir Jesus. Para isto foi ao encontro de São Francisco de Assis na Porciúncula e fundou o ramo feminino da Ordem Franciscana, também conhecido por “Damas Pobres” ou Clarissas. Viveu na prática e no amor da mais estrita pobreza.
Conta-se que uma das irmãs da sua congregação havia saído para pedir esmolas para os pobres que iam ao mosteiro. Como não conseguiu quase nada, voltou desanimada e foi consolada por Santa Clara que lhe disse: “Confia em Deus!”. Quando a santa se afastou, a outra freira foi pegar no embrulho que trouxera e não conseguiu levantá-lo, pois tudo havia se multiplicado.
Em outra ocasião, aquando da invasão de Assis pelos sarracenos, Santa Clara apanhou o ostensório com a hóstia consagrada e enfrentou o chefe deles, dizendo que Jesus Cristo era mais forte que eles. Os agressores, tomados de repente por inexplicável pânico, fugiram.
Sóror Juana Inés de La Cruz
No século XVII, ela reaparece no cenário do mundo, para mais uma vida dedicada ao Bem. Renasce em 1651, na pequenina San Miguel Nepantla, perto da cidade do México, com o nome de Juana de Asbaje Y Ramirez de Santillana.
Após 3 anos de idade, fascinada pelas letras, ao ver sua irmã aprender a ler e escrever, engana a professora e diz-lhe que sua mãe mandara pedir-lhe que a alfabetizasse. A mestra, acostumada com a precocidade da criança, que já respondia às perguntas que a irmã ignorava, passa a ensinar-lhe as primeiras letras.
Começou a fazer versos aos 5 anos.
Aos 6 anos, Juana dominava perfeitamente o idioma pátrio, além de possuir habilidades para costura e outros afazeres comuns às mulheres da época. Soube que existia no México uma Universidade e empolgou-se com a ideia de, no futuro, poder aprender mais e mais entre os doutores. Em conversa com o pai, confidenciou suas perspectivas para o futuro.
Dom Manuel, como um bom espanhol, riu-se e disse gracejando:
− Só se você se vestir de homem, porque lá só os rapazes ricos podem estudar. Juana ficou surpresa com a novidade, e logo correu à sua mãe solicitando insistentemente que a vestisse de homem desde já, pois não queria, em hipótese alguma, ficar fora da Universidade.
Na Capital, aos 12 anos, Juana aprendeu latim e português, sozinha. Além disso, falava nahuatl, uma língua indígena. O Marquês de Mancera, querendo criar uma corte brilhante, na tradição europeia, convidou a menina-prodígio de 13 anos para dama de companhia de sua mulher.
Na Corte encantou a todos com sua beleza, inteligência e graciosidade, tornando-se conhecida e admirada pelas suas poesias, seus ensaios e peças bem-humoradas. Um dia, o Vice-rei resolveu testar os conhecimentos da vivaz menina e reuniu 40 especialistas da Universidade do México para interrogá-la sobre os mais diversos assuntos. A plateia assistiu, pasmada, àquela jovem de 15 anos responder, durante horas, ao bombardeio das perguntas dos professores. E tanto a plateia como os próprios especialistas aplaudiram-na, ao final.
Mas a sua sede de saber era mais forte que a ilusão de prosseguir brilhando na Corte.
A fim de se dedicar mais aos seus estudos e penetrar com profundidade no seu mundo interior, numa busca incessante de união com o divino, ansiosa por compreender Deus através de sua criação, resolveu ingressar no Convento das Carmelitas Descalças, aos 16 anos de idade. Desacostumada com a rigidez ascética, adoeceu e retornou à Corte.
Seguindo orientação de seu confessor, foi para a ordem de São Jerônimo da Conceição, que tem menos obrigações religiosas, podendo dedicar-se às letras e à ciência. Tomou o nome de Sóror Juana Inés de La Cruz.
Na sua confortável cela, cercada por inúmeros livros, globos terrestres, instrumentos musicais e científicos, Juana estudava, escrevia seus poemas, ensaios, dramas, peças religiosas, cantos de Natal e música sacra. Era frequentemente visitada por intelectuais europeus e do Novo Mundo, intercambiando conhecimentos e experiências.
A linda monja era conhecida e admirada por todos, sendo os seus escritos popularizados não só entre os religiosos, como também entre os estudantes e mestres das Universidades de vários lugares. Era conhecida como a Monja da Biblioteca.
Se imortalizou também por defender o direito da mulher de ser inteligente, capaz de lecionar e pregar livremente.
Em 1695, houve uma epidemia de peste na região. Juana socorreu durante o dia e a noite as suas irmãs religiosas que, juntamente com a maioria da população, estavam enfermas. Foram morrendo, aos poucos, uma a uma das suas assistidas e quando não restava mais religiosas, ela, abatida e doente, tombou vencida, aos 44 anos de idade.
Curiosidade: Sóror Juana aparece nas cédulas mexicanas de alto valor.
Sóror Joana Angélica de Jesus
Passados 66 anos do seu regresso à Pátria Espiritual, retornou, agora na cidade de Salvador, na Bahia, em 1761, como Joana Angélica, filha de uma abastada família. Aos 21 anos de idade, ingressou no Convento da Lapa, como franciscana, com o nome de Sóror Joana Angélica de Jesus. Foi irmã, escrivã e vigária, quando, em 1815, tornou-se Abadessa e, no dia 20 de fevereiro, de 1822, defendendo corajosamente o Convento, a casa do Cristo, assim como a honra das jovens que ali moravam, foi assassinada por soldados que lutavam contra a Independência do Brasil.
Nos planos divinos, já havia uma programação para esta sua vida no Brasil, desde antes, quando reencarnara no México como Sóror Juana Inés de La Cruz. Daí, sua facilidade extrema para aprender português. É que, nas terras brasileiras, estavam reencarnados, e reencarnariam, brevemente, Espíritos ligados a ela, almas comprometidas com a Lei Divina, que faziam parte de sua família espiritual e aos quais desejava auxiliar.
Dentre esses afeiçoados a Joanna de Ângelis, destacamos Amélia Rodrigues, educadora, poetisa, romancista, dramaturga, oradora e contista que viveu no fim do século passado ao início deste.
Joanna na Espiritualidade
Quando, na metade do século passado, “as potências do Céu” se abalaram, e um movimento de renovação se alastrou pela América e pala Europa, fazendo soar aos “quatro cantos” a canção da esperança com a revelação da vida imortal, Joanna de Ângelis integrou a equipe do Espírito de Verdade, para o trabalho de implantação do Cristianismo redivivo, do Consolador prometido por Jesus.
E ela, no livro Após a Tempestade, em sua última mensagem, referindo-se aos componentes de sua equipe de trabalho diz:
“Quando se preparavam os dias da Codificação Espírita, quando se convocavam trabalhadores dispostos à luta, quando se anunciavam as horas preditas, quando se arregimentavam seareiros para Terra, escutamos o convite celeste e nos apressamos a oferecer nossas parcas forças, quanto nós mesmos, a fim de servir, na ínfima condição de sulcadores do solo onde deveriam cair as sementes de luz do Evangelho do Reino. ”
Em O Evangelho segundo o Espiritismo, vamos encontrar duas mensagens assinadas por Um Espírito amigo. A primeira, no Cap. IX, item 7, com o título A paciência, escrita em Havre, 1862. A segunda, no Cap. XVIII, itens 13 e 15, intitulada Dar-se-á àquele que tem, psicografada no mesmo ano que a anterior, na cidade de Bordéus. Se observarmos bem, veremos a mesma Joanna que nos escreve hoje, ditando no passado uma bela página, como o modelo das nossas atitudes, em qualquer situação.
No mundo Espiritual, Joanna estagia numa bonita região, próxima da Crosta terrestre.
Quando vários Espíritos ligados a ela, antigos cristãos equivocados se preparavam para reencarnar, reuniu a todos e planejou construir na Terra, sob o céu da Bahia, no Brasil, uma cópia, embora imperfeita, da Comunidade onde estagiava no Plano Espiritual, com o objetivo de, redimindo os antigos cristãos, criar uma experiência educativa que demonstrasse a viabilidade de se viver numa comunidade, realmente cristã, nos dias atuais. Espíritos gravemente enfermos, viriam em condições de órfãos, proporcionando oportunidade de burilamento, ao tempo em que, eles próprios, se iriam liberando das injunções cármicas mais dolorosas e avançando na direção de Jesus.
Engenheiros capacitados foram convidados para traçarem os contornos gerais dos trabalhos e instruírem os pioneiros da futura Obra.
Quando estava tudo esboçado, Joanna procurou entrar em contato com Francisco de Assis, solicitando que examinasse os seus planos e auxiliasse na concretização dos mesmos, no Plano Material. Francisco de Assis concordou com a Mentora e se prontificou a colaborar com a Obra, desde que nessa Comunidade jamais fosse olvidado o amor aos infelizes do mundo, ou negada a Caridade aos ‘Filhos do Calvário’.
Quase um século foi passado, quando os obreiros do Senhor iniciaram na Terra, em 1947, a materialização dos planos de Joanna, que inspirava e orientava, secundada por Técnicos Espirituais dedicados que espalhavam ozônio especial pela psicosfera conturbada da região escolhida, onde seria construída a Mansão do Caminho, nome dado em alusão à Casa do Caminho dos primeiros cristãos.
Nesse ínterim, os colaboradores foram reencarnando em lugares diversos, em épocas diferentes, com instrução variada e experiências diversificadas para, aos poucos, e quando necessário, serem “chamados” para atender aos compromissos assumidos na espiritualidade. Nem todos, porém, residiriam na Comunidade, mas, de onde se encontrassem, enviariam a sua ajuda, estenderiam a mensagem evangélica, solidários e vigilantes, ligados ao trabalho comum.
A Instituição vem crescendo sempre comprometida a assistir os sofredores da Terra, os tombados nas provações, os que se encontram a um passo da loucura e do suicídio.
Graças às atividades desenvolvidas, tanto no plano material como no plano espiritual, com a terapia de emergência a recém-desencarnados e atendimentos especiais, a Mansão do Caminho adquiriu uma vibração de espiritualidade que suplantas humanas vibrações dos que ali residem e colaboram.
A Mansão do Caminho
A Mansão do Caminho, construída numa área de 78,000 metros quadrados, está envolvida pelo verde profundo da mata nativa e pelo colorido festivo dos seus jardins.
Divaldo Franco, juntamente com Nilson de Souza Pereira, Tio Nilson, fundou esta obra de amor e de fraternidade no dia 15 de agosto de 1952, na cidade do Salvador.
O primeiro prédio da Mansão do Caminho, nome dado em homenagem à Casa do Caminho dos primeiros cristãos, situava-se na rua Barão de Cotegipe, n. 124, no bairro da Calçada, em Salvador. Todavia, foi somente no ano de 1955 que foi adquirido o terreno onde seria construída a Mansão do Caminho, localizada no bairro Pau da Lima, na cidade do Salvador.
Começava a nascer, então, o que viria a ser uma dupla experiência: os lares-famílias, reprogramando o ambiente familiar com sábias orientações cristãs e espíritas, envolvidas pela ternura fraternal dos tios e das tias sempre sob a orientação de Divaldo Franco e de Tio Nilson.
Assim, sob as luzes e as bênçãos da nobre Mentora Espiritual Joanna de Ângelis, esses lares floresceram contribuindo com o aprimoramento intelectual, moral e espiritual de milhares de crianças que receberam desta Colméia de amor a oportunidade ímpar de uma existência digna e feliz.
Hoje, a Mansão do Caminho é um admirável complexo educacional e assistencial, contando com 50 edificações, distribuídas em ruas, bosques e lago, onde são atendidas três mil crianças e jovens de famílias de baixa renda.
Para movimentar toda essa engrenagem, a Diretoria conta com mais de 200 funcionários, além de 400 colaboradores voluntários permanentes.
Fontes: O Consolador, Wikipedia, Site Mansão do Caminho.