É um dos princípios básicos da Doutrina Espírita, nos diz que o Espírito sobrevive à morte física, que somos imortais, que o espírito é eterno, que o que morre é apenas o nosso corpo físico.
“Se concentrarmos o pensamento, não no corpo, mas na alma, fonte da vida, ser real a tudo sobrevivente, lastimaremos menos a perda do corpo…”. Allan Kardec
O Livro dos Espíritos – A. Kardec – Questão 183 e o item III das Conclusões.
Os Espíritos, quando não se encontram encarnados, acham-se no mundo espiritual, em estado de erraticidade. Erraticidade é a propriedade daquilo que é errático ou errante: significa “que muda de lugar; intermitente; periódico”, ou seja, estão aguardando nova oportunidade na vida corporal.
Imagina-se a criatura humana ser apenas o conjunto biológico do corpo humano. Em virtude desse grande equívoco, apega-se com demasia aos prazeres materiais (de todas as ordens), em prejuízo da real natureza do próprio ser. Dos excessos cometidos, do apego exagerado à vida material e do desprestígio aos valores essenciais da existência surgem as enfermidades físicas, psicológicas e morais, com prejuízos evidentes para si mesmo e para a sociedade.
Os problemas da atualidade nada mais são do que conseqüência desse falso entendimento. Imaginando-se ser exclusivamente o corpo, há uma busca desenfreada para aproveitar o momento que passa, sem importar-se com os meios que utiliza para obtenção daquilo que imagina o prazer maior da vida. E aí surge o consumismo, a valorização das aparências e claro que o estremecimento da fraternidade nas relações humanas, justamente pela preponderância do orgulho e do egoísmo que ainda caracteriza a grande maioria dos habitantes do planeta.
Na verdade não somos o corpo. Estamos nele. Em outras palavras, somos um ser imortal destinado à perfeição – através de experiências evolutivas – que estagia periodicamente em corpos de carne através das existências humanas. Este ser é o ser principal, o ser pensante, o comandante do corpo, e nele, estão as qualidades morais e intelectuais do ser integral.
Conserva, após a morte do corpo, a sua personalidade.
Daí a importância de se perceber a transitoriedade da vida física e priorizar os assuntos que digam respeito à alma imortal. É de nosso próprio interesse o contínuo aperfeiçoamento moral, o aprimoramento intelectual, porque esses jamais se perdem. Ao invés da ilusão de acharmos que os valores materiais e os prazeres da vida física é que são os verdadeiros.
Para Onde Vamos?
Lembra-nos Kardec que “após a morte, cada um vai para o lugar que lhe interessa”, pois cada individualidade vai deslocar-se, após o desencarne, para a região espiritual que está em concordância com o seu modo de ser e viver. E complementa [ESE]:
“Enquanto uns não podem afastar-se do meio em que viveram, outros se elevam e percorrem o espaço. Enquanto certos Espíritos culpados erram nas trevas, os felizes gozam de uma luz resplandecente”.
ESE Cap. 3 “Conforme se ache (o Espírito) mais ou menos depurado e desprendido dos laços materiais, variarão ao infinito o meio em que ele se encontre, o aspecto das coisas, as sensações que experimente, as percepções que tenha.
De forma didática, podemos sistematizar as opções do homem após a morte física em três situações, pois deveremos retornar à pátria espiritual e temos que conhecer para onde vamos:
Continuar Vivendo na Crosta: são Espíritos excessivamente apegados a vida física e que não conseguem assumir a sua condição de desencarnados, continuando a viver nos locais onde se habituaram, às vezes sem ao menos darem-se conta de que já não mais pertencem ao mundo material. Alguns fatores que podem condicionar a este apego a vida material:
Deslocarem-se para certas regiões do Umbral: região espiritual que começa na crosta terrestre na qual se concentra tudo o que não tenha finalidade para a vida superior. De padecimentos inenarráveis, destinada a Espíritos que tenham cometido crimes contra as Leis Divinas. Os Espíritos vinculam-se à região e aglutinam-se em “Vales” ou “Áreas”, conforme os erros grosseiros que tenham cometido na última reencarnação. Região Espiritual desprovida de qualquer luminosidade, constituindo morada de Espíritos ainda envolvidos pelas mais diversas vibrações do mal e que tenham tido comportamento moral condenável em suas oportunidades reencarnatórias. Muitos Espíritos, após o desencarne, são levados por uma força magnética automática ou por entidades do mal, para uma das regiões umbralinas e lá permanecerão até que o arrependimento e a vontade de reparar o passado modifiquem a sua psicosfera pessoal.
Recolhimento a uma Colônia Espiritual onde deverão integrar-se à Vida Extra-Física.
Nosso Lar e Mansão Paz, são duas dessas colônias. Mas existem também os chamados “Postos de Socorro”, que funcionam como bastiões avançados, numa incessante busca de novos Espíritos que tenham logrado reunir condições para acessar novas paragens, mais evoluídas vibracionalmente. Nas Colônias Espirituais a reeducação e instrução são indispensáveis e um dos mais valiosos instrumentos de reabilitação é o trabalho – usado com terapia ocupacional.
No mundo espiritual o que determina a estratificação (diversas camadas – hierarquia) é o Grau de Evolução dos espíritos, ou seja, a hierarquia é baseada na autoridade moral. A importância social e financeira, como é obvio neste caso não tem nenhuma influência.
À medida que o Espírito convalescente se interessa pelo serviço à comunidade, dedicando-se a qualquer tarefa ainda que das mais simples, vai da mesma forma sedimentando a cura.
Como comprova-se isto?
O Espiritismo prova a imortalidade da alma através das comunicações com os seres já falecidos, através dos médiuns (pessoas que têm a faculdade de captar o mundo espiritual). A comunicabilidade dos espíritos – através da mediunidade prova-se que é possível comunicar com aqueles a quem chamamos de mortos”, mas que estão tão vivos como nós. Eles vêm do mundo espiritual comunicar as suas alegrias ou tristezas, de acordo com os seus estados de alma, dando-nos ensinamentos precisos para que não repitamos os mesmos erros cometidos por eles, tendo assim o ensejo de sermos mais felizes.
Desde a idade remota os homens tinham ideias ou intuições sobre a imortalidade da alma. Povos indígenas tinham o costume de colocarem armas e utensílios no túmulo, numa possível referência a continuação da vida. Embora a imortalidade da alma tenha sido ensinada através dos tempos por todas as doutrinas espiritualistas, coube ao Espiritismo, não só confirmar esta evidência como através de fatos, comprovar sua realidade. Assim é que o Espiritismo vem oferecendo desde sua codificação ensejo a todos que desejem certificar-se da imortalidade. O desdobramento da personalidade humana, comprovado através de testemunhos indiscutíveis. Aparições espontâneas, os desdobramentos conscientes, materializações, fenômenos de incorporação, voz direta, psicografia, sonhos e intuições são provas de que a vida futura não é mais um simples artigo de fé, uma hipótese.
A imortalidade da alma é uma das mais importantes revelações para a humanidade, pois através dela, nos asseguramos da realidade do futuro e da certeza de que um dia, através de nossos esforços, atingiremos a perfeição a que todos nós estamos destinados.
Quanto a imortalidade de nossa alma, o Cristo foi claro ainda quando disse: “Eu sou a ressurreição e a vida e todo aquele que crê em mim mesmo que morrer viverá, e todo aquele que crê em mim não perecerá.” (Jo 11:25)
“Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aqueles que podem fazer perecer no inferno a alma e o corpo.” (Mt 10:28).
Portanto, para o verdadeiro cristão, a morte nada tem de apavorante e não é mais a porta do nada, mas a porta da libertação que abre ao homem reformado à entrada de uma nova morada de felicidade e paz.
Se quisermos desfrutar de equilíbrio e paz no plano extra físico em nossas existências futuras, é indispensável alicerçar nossos atos e ações no amor cósmico e universal ensinado pelo Homem de Nazaré. A edificação do amor em nossos corações é o único roteiro capaz de nos conduzir à perfeição espiritual a que nos destinamos. Não é bastante apenas crer na imortalidade da alma, inadiável é a luta que temos que travar dentro de nós mesmos procurando vencer nossos erros, vícios e defeitos.
A ideia clara e precisa que temos da imortalidade nos dá a fé inabalável para o futuro.
A nossa vida corporal passa a ser apenas uma passagem, uma curta estação neste planeta de provas e expiações! As dores e vicissitudes são passageiras, porque o determinismo de nossa evolução nos dirigirá a um estado de mais felicidade e ventura.
Reformemos o quanto antes nossas vidas, afogando definitivamente o homem velho cheio de erros e defeitos, para que possa ressurgir um homem novo e feliz, harmonizado com o Cristo e com seu evangelho.
Parábola Partida e Chegada – Henry Sobel
Quando observamos, da praia, um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de um espetáculo de beleza rara.
O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor.
Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram.
Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: “já se foi”.
Terá sumido? Evaporado? Não, certamente. Apenas o perdemos de vista. O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha quando estava próximo de nós. Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas. O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver.
Mas ele continua o mesmo. E talvez, no exato instante em que alguém diz: “já se foi”, haverá outras vozes, mais além, a afirmar: “lá vem o veleiro”!
Assim é a morte.
Quando o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor que nos foi caro, e o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível dizemos: “já se foi”.
Terá sumido? Evaporado? Não, certamente.
Apenas o perdemos de vista.
O ser que amamos continua o mesmo, suas conquistas persistem dentro do mistério divino.
Nada se perde, a não ser o corpo físico de que não mais necessita. E é assim que, no mesmo instante em que dizemos: “já se foi”, no além, outro alguém dirá: “já está chegando”.
Chegou ao destino levando consigo as aquisições feitas durante a vida.
Na vida, cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afetos e desafetos, até que se resolva por desfazer-se do que julgar desnecessário.
A vida é feita de partidas e chegadas.
De idas e vindas. Assim, o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada.
Assim, um dia, todos nós partimos como seres imortais que somos todos nós ao encontro daquele que nos criou.